Música Barroca Portuguesa
Ana Quintans, Marcos Magalhães e Quarteto Arabesco

A soprano Ana Quintans, o cravista Marcos Magalhães e o Quarteto Arabesco propõe um concerto em torno da música barroca portuguesa.
 

Sinfonia

Carlos Seixas (1704-1742)

Que fiz eu à natureza (Modinha)

José Maurício (1752-1815)

Arias

Compositor desconhecido (séc XVIII) 

Concerto para cravo 

Carlos Seixas (1704-1742)

Árias da ópera “La Spinalba” 

Francisco António de Almeida (1702-1755)

A influência da música barroca italiana estendeu-se por toda a Europa até Portugal. A presença de músicos italianos em Portugal foi muito importante para a vida musical. Na corte de D. João V, uma das mais ricas de todo o mundo pelo ouro e diamantes vindos do Brasil, Domenico Scarlatti recebeu todas as condições para que o seu trabalho fosse o mais rico possível, tendo ao seu dispor numerosos cantores e instrumentistas, na sua maioria italianos. Ao conhecer o jovem cravista Carlos Seixas (1704-1742), Scarlatti reconheceu nele um talento sem igual. Apesar de nunca ter saído de Portugal, este exímio cravista veio a revelar-se também como compositor. Compôs mais de 700 sonatas, tendo apenas chegado até nós cerca de uma centena, tendo muitas delas provavelmente desaparecido aquando do terramoto de 1755. O belíssimo concerto para cravo apresentado é um dos ex-libris do repertório português para cravo. Constitui um dos primeiros exemplos deste género em toda a Europa, apresentando-se como um contributo original para o barroco musical europeu.

Por outro lado, muitos dos compositores da época estudaram em Roma sob patrocínio da corte portuguesa. Por ser considerado um dos melhores estudantes da escola de música do Seminário Patriarcal, dirigida por Domenico Scarlatti, Francisco António de Almeida (1702-1755) foi estudar como bolseiro para Roma, sendo amplamente reconhecido pela sua maturidade e bom gosto nas suas composições. De volta para Portugal, compôs, além de música sacra, muitas óperas e serenatas para a rainha Maria Ana de Áustria, apresentadas para marcar aniversários ou festividades. Apresentam-se em concerto árias da ópera “La Spinalba”, ao estilo napolitano. Recentemente gravada pelos Musicos do Tejo para a Naxos, foi destacada pelo Publico e Expresso como uma das mais importantes gravações do ano de 2012, pela sua energia e originalidade interpretativa, e tem sido um sucesso de vendas a nível internacional.

São também interpretadas duas belíssimas árias barrocas, em português, de compositores anónimos, pertencentes provavelmente a óperas à portuguesa, que sobreviveram ao grande terramoto de 1755. Apresentam-se igualmente modinhas luso-brasileiras, peças breves, próprias do repertório vocal nos salões privados da época. Caracterizam-se pela utilização do português nos poemas que lhe servem de base. Cheias de emoção e melancolia, são para um antecedente claro do fado. As suas melodias, harmonias e ritmos inusitados, bebem tanto da música portuguesa como da riqueza musical brasileira e africana, omnipresentes na cultura da época. De José Maurício (1752-1815), mestre de capela da sé de Coimbra, apresenta-se a modinha Que fiz eu à natureza, onde se antevê aquilo que um seculo mais tarde se designará de fado.

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